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DAVI ARRIGUCCI
“Abertura às divergências intelectuais é fundamental”

Com Sergio Miceli houve um avanço notável, multiplicaram-se as coleções, sobretudo as coleções de arte. Houve as coleções de artistas da USP, as coletâneas, e eu tenho impressão de que também do ponto de vista da fatura do livro, do ponto de vista artístico do livro, como objeto, ele avançou mais ainda. A gestão do Sergio Miceli cuidou muitíssimo do acabamento do livro em si mesmo e isto surtiu um efeito imediato: ele colocou a Edusp ao lado das editoras comerciais, ajudando nessa renovação do mercado editorial brasileiro. E puxou um pouco outras editoras que descuidavam dos aspectos gráficos e estéticos do livro, do acabamento do livro.

Durante o primeiro período da gestão do Miceli, tenho impressão de que a Edusp se transformou numa editora de porte médio, semelhante à editora da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Ela virou uma editora muito poderosa, chegava a publicar 12, até 15 livros mensais – ritmo de publicações de uma editora comercial.

E também acho que a gente trabalhou com muito bom senso e tato na matéria dos pareceres e dos pareceristas. Esse capítulo é um capítulo importante porque ali, como em todo ambiente em que há um esprit des corps, um corporativismo muito forte, os professores da universidade às vezes tendem a agir segundo simpatias e antipatias. Então é preciso pedir pareceres independentes, a autonomia crítica é fundamental para que uma editora cresça saudável e resistente sobre as próprias pernas. A autonomia não é só uma questão de você fazer o livro, esse fato fundamental da emancipação editorial. É importantíssimo que a Editora ande debaixo de uma vigilância crítica e que seja capaz de respeitar pontos de vista contraditórios, quer dizer, que entre para publicação não apenas aquilo sobre o qual o conselho consultivo tenha opinião formada previamente.

O que os membros do conselho acham individualmente não interessa muito. Certamente que essas coisas devem ser expostas nas reuniões e debatidas entre os membros do conselho, mas o conselho não deve agir com o espírito corporativo eliminando e impondo seus gostos. Isso é fundamental para que haja uma abertura às divergências intelectuais, sem o quê a universidade morre. Então é preciso que o debate também apareça na contradição dos títulos publicados. E no número dos títulos. É preciso que haja uma publicação constante e uma publicação média adequada, porque se são publicados de 12,15 livros e depois cai pra 2, 3 por mês, é muito pouco, é preciso que uma universidade tenha dinamismo, que acompanhe os tempos.

Há uma base da produção material do livro que deve funcionar bem azeitada e com adequação, com descortino intelectual, com uma orientação intelectual que funcione e com democracia das relações. Tudo isso é muito importante para que se tenha uma editora forte, e é preciso um editor de gosto. O editor é uma figura sui generis e única, ele tem uma missão intelectual muito grande. É possível estudar o desenvolvimento do livro no Brasil pelos grandes editores como José Olympio [na editora homônima], Ênio Silveira [Civilização Brasileira], toda a tradição dos grandes editores brasileiros; hoje, Luis Schwarcz [Companhia das Letras] e Augusto Massi [Cosac Naify] são grandes editores, como o foram também João Alexandre e Sergio Miceli, na Edusp – e como o é agora Plinio Martins Filho.


Davi Arrigucci Jr., crítico literário, professor de teoria literária na USP, foi membro da Comissão Editorial da Edusp durante a gestão de Sergio Miceli (1994-1999)
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