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“Um catálogo de primeiríssima categoria”
Como todos sabem, o reitor Goldemberg foi um reitor muito importante, que procurou fazer uma renovação na vida da universidade. Um dos temas, entre tantos, que o ocuparam e o preocuparam foi a Editora da Universidade de São Paulo. Por quê? Porque, tal como existia anteriormente, a editora funcionava basicamente apoiando co-edições. A Edusp recebia várias propostas, sem dúvida nenhuma fazia uma avaliação de mérito daquilo que estava sendo examinado, mas esse modelo tinha uma dimensão mais ou menos fragmentária, era um pouco uma visão de balcão e não de uma linha de orientação sobre o que deveria ser uma editora universitária.
João Alexandre era uma pessoa de grandes qualidades intelectuais, uma pessoa de liderança intelectual, era um professor importante no âmbito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, e ele tinha também, pela própria formação, pela experiência dele, inclusive pela experiência de períodos passados no exterior, uma concepção do que deveria ser uma editora universitária.
As discussões no conselho editorial eram de dois tipos. De um lado, uma discussão de ordem mais geral, sobre as linhas, o que nós queríamos publicar, quais as áreas que nós deveríamos cobrir, quais são as áreas do conhecimento que uma editora como a Edusp deveria organizar, patrocinar, estimular e assim sucessivamente. E, de outro, havia sempre também, no meio dessa discussão toda, uma análise mais casuística, “olhe, vamos incluir livro X ou livro Y”, e assim sucessivamente.
A qualidade do que a Edusp produziu até agora é indiscutível. A editora tem o mérito de ter um catálogo de primeiríssima categoria. Neste sentido, atende e atinge plenamente às melhores aspirações de uma editora universitária. Ela tem a dificuldade que tem a maior parte das editoras, que se encontra no capítulo da distribuição, que é um problema complexo para uma editora universitária, onde o tema da distribuição também está ligado ao tipo de mercado, ao problema da escala dos serviços e assim sucessivamente. Acho que este é um dado importante que cabe um entendimento melhor do que poderia ser feito além do que já foi realizado até este momento.
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Celso Lafer, jurista, professor de filosofia do direito na USP, foi membro da Comissão Editorial da Edusp durante a gestão de João Alexandre Barbosa (1988-1993) |
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