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“Edusp ainda está se fazendo”
Eu estou tão habituado à idéia da Edusp que às vezes tenho a sensação de que ela foi uma das coisas trazidas por Dom João VI em 1808. Mas na realidade ela foi um dos bons frutos da criação da universidade. Eu acompanho a vida da universidade e, portanto, da Edusp desde a sua fundação. Porque entrei na Faculdade de Direito em 1932, dois anos antes da fundação da universidade.
Eu acho que o objetivo básico era a publicação de obras culturalmente importantes, mas de sucesso comercial duvidoso. Obras que as editoras comerciais não se aventuravam a publicar, mas que era importante que existissem.
A Edusp ainda está se fazendo. Acho que não há depreciação em reconhecer esse aspecto, mas ela é ainda incompleta em sua estrutura como editora. Ela publica livros excelentes, mas a parte de estrutura administrativa é bastante recente.
Eu vivia dizendo a amigos editores, nas editoras comerciais também, que eles não estavam se dando conta de que o livro bonito não é mais caro do que o livro feio, e se vende muito mais. A característica do livro brasileiro, com as exceções de praxe, era do livro feio graficamente. E tanto o João Alexandre quanto os membros da comissão gostavam de arte gráfica. E isso foi se acentuando na vida da Edusp, ou seja, o objetivo de se criar um padrão de excelência. (...) Não foi a Edusp que levantou a bandeira da necessidade da excelência gráfica para o livro brasileiro, mas ela contribuiu muito. Agora, todos os bons editores passaram a levar em conta a importância desse aspecto, do manuseio mais fácil, da mancha facilmente lida, da importância da ilustração. Hoje eu acho que o padrão brasileiro do livro é compatível com o padrão internacional.
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José Mindlin, bibliófilo, é presidente da Comissão Editorial da Edusp |
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