Site disponibiliza quase dois milhões
de títulos e incrementa mercado de
livros usados, com bons preços e
praticidade no atendimento |
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Há pouco mais de dois anos no mercado, o portal
Estante Virtual [www.estantevirtual.com.
br] vem tentando cumprir a nobre tarefa de
fazer chegar aqueles livros raros, ou de segunda
mão, que muitas vezes estão perdidos nas prateleiras
empoeiradas e nos corredores labirínticos dos sebos, aos
leitores espalhados por qualquer localidade do país, ou até
do planeta. Os números são impressionantes: estão cadastrados
hoje 787 sebos e livreiros, de 155 cidades, que disponibilizam
quase dois milhões de títulos para compra online.
Um leitor numa cidadezinha do interior de Roraima,
por exemplo, que tenha computador e conexão na Internet,
ou que simplesmente freqüente um cibercafé, pode localizar
e encomendar um livro num sebo de São Paulo, ou
de Porto Alegre. Feito o depósito em banco e a confirmação
enviada ao livreiro, em poucos dias o livro chegará ao destinatário,
com segurança.
Dito assim, parece tudo muito fácil, mas o empreendimento
não seria viável sem a tecnologia de programação
que dá suporte ao portal e que possibilita a reunião de um
acervo dessa envergadura, com estabelecimentos de várias
e distantes regiões. Caso os donos de sebos decidissem informatizar
por conta própria o seu acervo e disponibilizá-lo
na Internet, como ocorre com as grandes redes de livrarias,
o custo seria muito alto, tanto de implantação como de manutenção
do sistema. Para as pequenas lojas, seria um investimento
proibitivo.
A proposta do Estante Virtual, criado pelo empresário
carioca André Garcia, de 28 anos, é facilitar o acesso aos livros
de segunda mão e oferecer uma ferramenta eficiente
para livreiros incrementarem suas vendas, num mercado
alternativo que resiste ao mundo globalizado das megastores
e que tem uma clientela sempre cativa entre professores,
estudantes, pesquisadores, escritores e até colecionadores.
A pesquisa no portal pode ser feita por título, autor, editora
e ainda através de triagem de livros por faixa de preços, com
ofertas de aproximadamente 1,4 milhão de títulos com preços
até R$ 20. Em seu primeiro ano de funcionamento, o Estante
Virtual movimentou US$ 1 milhão. Na opinião de Garcia,
o objetivo da iniciativa é “organizar a informação dos
sebos para que as pessoas não percam tempo procurando livros”. O portal cobra uma pequena taxa mensal dos livreiros
e 5% sobre cada venda realizada, como ocorre na seção
de livros e DVDs usados do norte-americano Amazon. No
início, o Estante Virtual tinha apenas 12 sebos cadastrados
e três pessoas trabalhando para o portal, cada uma em sua
casa. Passados dois anos, o acervo disponível é maior que o
da Biblioteca Nacional e a expectativa do administrador é
de triplicar o valor movimentado por ano com as vendas.
No outro lado da parceria, os livreiros confirmam esse
otimismo e estão muito satisfeitos com a eficiência do portal.
José Carlos Gomes de Freitas, dono do sebo Alternativa,
com três lojas em São Paulo e há 13 anos no mercado, diz
que 30% das vendas de uma de suas lojas já são feitas pelo
Estante Virtual e acredita que “em cinco anos o site pode
até substituir a livraria”. Ainda segundo José Carlos, o portal
“aumenta as vendas, traz novos clientes e facilita o acesso a
livros que seriam difícil de encontrar”; mas alerta: “é fundamental
a livraria e o acervo estarem organizados e o pedido
ser atendido prontamente”. Ocorre que muitas vezes o livro
demora a ser localizado na livraria, ou acaba sendo vendido
antes de se confirmar o pedido pela Internet, o que provoca
uma situação delicada com o comprador à distância.
Para Maria Olinda Ramalho, bibliotecária e proprietária
há 15 anos, com o marido Celso Battesini Ramalho, do sebo
Bagdá Books, em São Paulo, “o portal representa a independência
intelectual do brasileiro e ninguém pode mais se
sentir órfão de conhecimento, pois ficou muito fácil achar e
adquirir os livros desejados com preços bastante acessíveis
e sem sair de casa”. As vendas pelo Estante Virtual já representam
10% do faturamento do Bagdá, que ganhou clientes
no Piauí, Rio Grande do Norte e até em Portugal. “É um
grande prazer empacotar um livro que vai para tão longe,
para um cliente que dificilmente viria até a livraria”, comenta
Maria Olinda.
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