“A única vocação que tive foi a da poesia como uma totalidade.” Partindo do sentido amplo destas palavras do poeta mineiro radicado na Europa nos anos 50, Marcondes de Moura encontra uma chave crítica que explicita a unidade dentro da notável multiplicidade da lírica muriliana, analisada aqui com um olhar ao mesmo tempo minucioso e abrangente. O autor discute inicialmente o conceito de arte combinatória, realizando um estudo de técnicas como a colagem, a fotomontagem e a montagem cinematográfica, assim como um levantamento de argumentos teóricos sobre a imagem, extraídos de Reverdy, Breton, Soupault, De Chirico e Max Ernst, para demonstrar em seguida como esses princípios e realizações, que configuram um projeto estético utópico e universalista, se projetam nos poemas de Murilo Mendes.