Alcir Pécora é professor livre-docente de Teoria Literária na Unicamp. É autor de vários estudos sobre literatura clássica moderna e sobre a obra de Antônio Vieira.
|
|
|
Acreditar que pregação e política são fenômenos contraditórios é, segundo Alcir Pécora, uma convicção pós-iluminista que não leva em conta a lógica da produção barroca seiscentista. De acordo com ela, as imagens são fornecidas pela Igreja da Contrarreforma, pela teologia política da Segunda Escolástica e, em particular, pela militância dos jesuítas portugueses tanto na defesa da Restauração como na formulação das políticas históricas de ocupação do Novo Mundo. Assim, o autor mostra como nos sermões de Vieira as artes e as ciências não se opõem, mas, ao contrário, buscam a unidade tomista entre o finito da criatura e o puro ato de ser do Criador. O engenho do pregador, neste caso, repõe uma metáfora como a que o próprio mundo e a natureza fornecem de Deus, de que estão impregnados, como em um teatro do sacramento.
|