Desde suas primeiras aparições na vida cultural brasileira, a obra de Cruz e Sousa foi marcada por manifestações contrastantes da crítica. Sua obra foi, em geral, estigmatizada por elementos extraliterários, como as referências a sua marginalidade e pobreza material, impedindo uma apreciação crítica mais aprofundada. Ivone Daré Rabello observa que “não se investigou se e como a forma literária encarnava métodos pessoais, sociais e históricos.” Neste livro, procura investigar as determinações estéticas e históricas da obra, de maneira a trazê-la para o presente como obra fecunda que deu inusitada expressão a dilemas pessoais e históricos. Propõe a análise da obra de Cruz e Sousa envolvendo o contexto social e histórico e a influência da crítica sobre a criação poética. Rabello demonstra, na retomada da obra cruziana, como esta proporciona diferentes interpretações, em contraposição à visão limitadora que geralmente se tem sobre sua poesia.