Este livro faz uma leitura da obra de João Cabral de Melo Neto procurando redefinir a fórmula empregada pela crítica que segmenta sua poesia em duas vertentes, as “duas águas”, tradicionalmente consideradas como drasticamente superadas. Para tanto, enfoca as múltiplas tensões que atravessam a obra do escritor, desde o livro de estréia, Pedra do Sono, de 1942, até o último, Andando Sevilha, de 1993. Não se trata aqui de descartar a propriedade de cada um dos textos fundadores da fortuna crítica de João Cabral, mas sim de matizar seu alcance e confrontar sua pertinência em função da leitura da obra completa do escritor, para então observar como certos dilemas e proposições da poesia cabralina foram sendo atenuados, ou até mesmo revistos, em seus livros finais.